quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Legionella - a mal amada

   A Legionella é uma bactéria que não é propriamente "amada" no mundo da saúde e porquê perguntam vocês?
   Porque a exposição a esta bactéria pode provocar infecção respiratória, mais propriamente a Doença dos Legionários. Esta infecção transmite-se por inalação de gotículas de vapor de água contaminada, aerossóis. As dimensões são muito pequenas o que veiculam a bactéria diretamente para os pulmões, o que pode possibilitar a sua deposição nos alvéolos pulmonares. A pessoa que estiver infectada, não transmite a infecção a outra, visto que até ao momento ainda não se registou nenhum caso de contágio de pessoa para pessoa. Esta doença atinge principalmente adultos, com idades compreendidas entre os 40 e os 70 anos, sendo os homens os mais infectados.
   Os principais sintomas da infecção incluem febre alta, arrepios, dores de cabeça e dores musculares. Mais tarde, pode ocorrer tosse seca e dificuldades respiratórias. 
   Esta doença caracteriza-se por aparecer maioritariamente no Verão e Outono, com maior expressão em zonas turísticas.
   As bactérias do género Legionella (são conhecidas aproximadamente 47 tipos de espécies, sendo a Legionella pneumophila a mais conhecida como sendo mais patogénica) encontram-se em ambientes aquáticos naturais e também em sistemas artificiais, como é o caso de redes de abastecimento/distribuição de água, redes prediais de água quente e água fria, ar condicionado e sistemas de arrefecimento (torres de refrigeração, condensadores evaporativos e humidificadores) que existem em diversos edifícios, principalmente em hotéis, centros comerciais, termas e hospitais e ainda em jacuzzi, piscinas (tanques recreativos).
 Há vários fatores que favorecem o desenvolvimento da bactéria, principalmente:
  • A temperatura da água entre os 20º C e 45º C; 
  • O pH entre 5 e 8;
  • A humidade relativa superior a 60%;
  • Zonas com reduzida circulação de água (reservatórios de água, torres de arrefecimento, tubagens de redes prediais, pontos de extremidades das redes pouco utilizadas, etc);
  • Processos de corrosão ou incrustação.
   O primeiro registo desta doença em Portugal foi em 1979 e desde 2000 até ao final de 2010 foram notificados 658 casos. Estes casos ocorreram principalmente em unidades hoteleiras. A doença dos Legionarios esta na lista das Doenças de Declaração Obrigatória.
   Por tudo o referido anteriormente é natural que haja um controlo desta bactéria. Por Controlo entende-se: "o conjunto de ações de avaliação da qualidade da água realizadas com caráter regular pelas entidades gestoras, com vista à manutenção da sua qualidade, em conformidade com as normas estabelecidas legalmente"
   O Centro de Medicina Fisica e reabilitação do Sul em vez de contratar outra empresa, contratou a ARS para esta realizar o Controlo da qualidade da água das suas instalações (Promoção de Controlo da Doença dos Legionário; Programa de Controlo da Qualidade da Água em Piscinas e Programa de Controlo da Qualidade da Água para Consumo Humano).
   Assim, no dia 15/10/2013, eu, juntamente com a minha orientadora de estágio, fomos realizar o Controlo da legionella no Centro de Medicina de Reabilitação do Sul (CMR Sul), localizado em São Braz de Alportel. Fomos realizar o controlo porque o CMR Sul tem um contrato com a ARS Algarve para a realização do controlo da água no seu estabelecimento.
   O controlo da legionella foi feito em 4 pontos: torneira de retorno de água quente; banho assistido (piso 1 e 2); sala dos turbilhões (tina de pernas).      
  Nestes locais, fez-se ainda a medição do pH, do cloro e da temperatura.
   O controlo exige materiais e procedimentos. Os materiais a serem utilizados para as colheitas são:
  • Aparelhos e reagentes para medir o cloro e o pH;
  • Termómetro;
  • Fichas para registos de dados;
  • Frascos esterilizados (1 litro) com tratamento para águas cloradas;
  • Malas de transporte térmicas;
  • Sacos de plástico esterilizados (para os chuveiros).
   Relativamente aos procedimentos a seguir, são os seguintes:
  • Desinfectar as mãos;
  • Não desmontar os acessórios da torneira, caso existam;
  • Não deixar a água correr;
  • Não desinfectar o interior e o exterior bocal da torneira;
  • Não flamejar a torneira;
  • Destapar o frasco na proximidade da torneira, mantendo a tampa virada para baixo;
  • Encher o frasco até encher com o fluxo inicial, mantendo-o inclinado e sem contacto com a torneira;
  • Fechar o frasco;
  • Identificar o frasco (local, zona da recolha, identidade da empresa solicitadora);
  • Colocar o frasco em mala de transporte ou saco, opacos. O transporte é feito ao abrigo da luz solar.
   Nos chuveiros, para a colheita ser realizada da melhor forma, é necessário introduzir a cabeça do chuveiro dentro de um saco plástico esterilizado. Cortar um canto do saco e posteriormente inseri-lo no bocal do frasco. De seguida enche-se o frasco de acordo com o descrito anteriormente.
   A seguir à colheita é necessário determinar a temperatura da água, o cloro residual livre e o pH.
     
   Ficam algumas imagens que marcaram este controlo:


Frasco com a devida identificação

Controlo na torneira de retorno de água quente

Fotômetro para medição do pH e cloro

A medir a temperatura da água à saída da torneira de retorno de água quente

A medir o cloro residual livre

Colheita no chuveiro, com saco de plástico

Colheita no chuveiro de água quente
   Fez-se ainda o controlo da água na piscina de reabilitação (para parâmetros bacteriológicos: colheita de superfície e profundidade (com frascos de mergulho)) e ainda um frasco para análise de parâmetros químicos (condutividade 20ºC, oxidabilidade e cloro residual total).

A medir o pH da piscina de reabilitação
   Terminado o controlo, fomos realizar a vigilância da qualidade da água das piscinas municipais (post seguinte).
  





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