quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Programa de Prevenção de Doenças Transmitidas por Artrópodes


   Todos dias se aprende algo novo e ainda bem que assim é, caso contrário, a vida não tinha tanto sentido. E porque digo isto? Porque tomei conhecimento no decorrer desta semana, que existe mais uma atividade no âmbito do Programa de Prevenção de Doenças Transmitidas por Artrópodes que foi criado pela ARS Algarve, como tal, fui na passada terça-feira (29/10/2013) verificar nos pontos estratégicos onde este a ser implementado, se existia algum Artrópode nas diversas armadilhas. O local foi o aeroporto de Faro. Mas antes de entrar em pormenores sobre o que vi e fiz no aeroporto, vou explicar o contexto do Programa.
   "O fenómeno de alterações climáticas, mais sentido e mediatizado na última década, tem resultado
em progressivas modificações dos ecossistemas e, consequentemente, da fauna existente em cada região, motivados principalmente pelas alterações dos padrões de temperatura, humidade,precipitação, entre outros, característicos de cada região. Ao nível da entomofauna, o fenómeno das alterações climáticas, coadjuvado com o fenómeno da globalização (facilidade no intercâmbio de mercadorias, plantas exóticas, animais de companhia e pessoas), tem determinado a distribuição geográfica de algumas espécies, a qual tem sido alterada de forma significativa. Espécies de mosquitos, que se pensavam confinadas a climas tropicais e subtropicais, quando transportadas acidentalmente para climas temperados, de que é exemplo Portugal, poderão aí encontrar condições favoráveis ao seu desenvolvimento e proliferação. Tendo em conta que grande parte das espécies de mosquitos e outros insetos podem ser vetores de doenças como a malária, febre amarela, dengue, vírus do Nilo Ocidental, encefalite japonesa, chikungunya, toscana (arbovírus – vírus transmitidos por artrópodes (arthropod-borne virus)), a sua dispersão geográfica implica o acréscimo do risco de infecção. Para a grande maioria destas doenças (re)emergentes, à exceção da febre amarela, ainda não existe vacina eficaz que permita preveni-las, ou ainda, não existe um tratamento específico para a
cada uma. Neste sentido, a forma mais eficaz de minimizar o risco é através da redução ou eliminação das espécies vetoras (mosquitos e outros insetos).
    Decisores, autoridades e população em geral necessitam de encarar a problemática dos mosquitos não apenas como fator de mera incomodidade, mas como efetivos vetores de doenças emergentes, com consequências graves para a saúde. Este paradigma exige que haja cooperação conjunta, no sentido de controlar de forma eficaz as populações de insetos vetores de doenças. Neste contexto, os principais objetivos da implementação deste Programa são os seguintes:
  •  Identificar espécies de insetos presentes na região – autótones e invasoras;
  •  Determinar o nível de infecciosidade por arbovírus;
  •  Controlar populações de insetos (minimização de risco de doença);
  •  Emissão de alertas;
  •  Ativação de Plano de Contingência.
    Conforme estabelecido no Plano de Prevenção de Doenças Transmitidas por Artrópodes – Mosquitos e no cumprimento Regulamento Sanitário Internacional (D.R. 1.ª série, N.º 12, de 23 de Janeiro de 2008), que prevê a vigilância e controlo de vetores no perímetro de portos e aeroportos, a situação atual da provável re-introdução de mosquitos invasores Aedes aegypti (proveniente da RAM e regiões tropicais e sub-tropicais) e Aedes albopictus (provenientes da Europa, nomeadamente Espanha, França e Itália), obriga a uma intensificação e reforço da vigilância da entomofauna nestes locais, complementar à vigilância já realizada durante os meses de Maio a Outubro. Assim se propõe a vigilância da entomofauna em estadios imaturos nos Portos e Aeroportos da região do Algarve, respeitando as seguintes orientações:
  • Colocação de ’oviptraps’ (armadilhas para estdios imaturos de mosquitos), na quantidade e tipologias seguintes: (Aeroporto de Faro; Porto de Portimão e Porto de VRSA)
  • As “ovitraps” são constituídas por vasos pretos (poderão ser de plástico) com cerca de 15 cm de altura e cerca de 10 cm de diâmetro, com um ou mais furos antes da superfície, com um abaixador de língua revestido por feltro vermelho (prender o feltro ao abaixador com elásticos, nunca cola, pode ser tóxico e repelente para os mosquitos); no interior dos vasos, colocar água (colocação de folhas aumentam a eficácia);
  • As ‘ovitraps’ deverão ser colocadas perto ou no meio da vegetação ou perto de edifícios (preferencialmente à sombra e em diferentes micro-habitats);
  • Registar com GPS a localização das ‘ovitraps’ (colaboração dos técnicos do DSPP);
  •  Proceder à vigilância das ‘ovitraps’ com periodicidade semanal;
  •  Verificar o nível de água;
  •  No caso de detecção de ovos ou larvas (na água ou no feltro), recolher o feltro com os ovos e/ou a água com as larvas, acondicionar e enviar para o CEVDI/INSA, de acordo com os procedimentos de imaturos do REVIVE, acompanhado de boletim de colheita de “mosquitos imaturos”, com o conhecimento do DSPP; no caso de os ovos se encontrarem na água, recolher cuidadosamente com colher ou papel absorvente e acondicionar em envelope plástico ou pequeno saco de plástico selado;
   Resumindo, este Programa que só existe e foi criado na região do Algarve, foi criado para prevenir a ocorrência de doenças transmitidas por Artrópodes que possam vir em passageiros, viajantes, de aeroportos e portos. Tendo em conta que em Faro existe um aeroporto e que este recebe centenas de voos diários, um dos pontos de monitorização deste Programa é no aeroporto, pois qualquer passageiro, bagagem ou o próprio avião pode transportar mosquitos com doenças, assim, existem diversas "ovitraps" espalhadas pelo mesmo e na passada terça-feira, o que eu fui fazer juntamente com o meu colega Miguel Parreira e as Drªs Rosário Jorge e Cármen Vieira foi verificar nos diversos pontos se estas "ovitraps" tinham algum Artrópode, felizmente não se encontrou nada. No total, existem 15 “ovitraps” espalhadas por todo o aeroporto.
    Este Programa até ao momento decorreu entre os meses de Maio a Outubro, semanalmente, mas como o Inverno se aproxima e os mosquitos não tem tanta atividade em períodos frios, o mapa de vigilância das Ovitraps que irá decorrer entre Novembro de 2013 e Abril de 2014 passa a ser de 15 em 15 dias.
   Entrar no aeroporto e "andar" por todo o aeroporto não é fácil, pois é necessário uma autorização especial para andarmos nos diversos pontos onde estão colocadas as "ovitraps", assim, a Drª Cármen teve que solicitar uma autorização especial para mim e para o meu colega, para conseguirmos seguir a aplicação deste Programa no aeroporto.
   Ficam algumas imagens tiradas no local:




Exterior do aeroporto de Faro
A mostrar o Cartão de Cidadão para poder receber o "cartão livre de acesso" ao aeroporto
Já com o cartão
A visualizar a "ovitrap"
A tirar uma fotografia à "ovitrap"

Na zona de espera do aeroporto, juntamente com o Miguel Parreira e a Drª Carmén

A inspecionar uma "ovitrap"


A inspecionar uma ovitrap


Ovitrap no exterior do edifício, com vista para a pista do aeroporto


Ovitrap identificada


Drª Carmén


No aeroporto, com vista para a pista de partidas e chegadas de aviões




   Para mais informações sobre este Programa consultar:

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