sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Resíduos - Parte III - Resíduos Hospitalares

   Mais uma vez vou abordar o tema Resíduos, mas desta vez, os Resíduos que vou abordar, são os Resíduos Hospitalares, visto que estou a estagiar numa unidade de saúde, acho pertinente dar a conhecer o que são, o que se faz com eles, programas existentes...
   Para começar, o que são Resíduos Hospitalares? estes resíduos são aqueles "resultantes de
atividades de prestação de cuidados de saúde a seres humanos ou a animais, nas áreas da prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação ou investigação e ensino, bem como de outras atividades envolvendo procedimentos invasivos, tais como acupuntura, piercings e tatuagens
" (D.L 73/2011).
   De acordo com o Despacho nº242/96, os resíduos hospitalares dividem-se em resíduos não perigosos: os do grupo I e do grupo II e resíduos perigosos Os dos grupo III e do grupo IV, conforme a seguinte definição:
  • Grupo I -resíduos equiparados a urbanos -são aqueles que não apresentam exigências especiais no seu tratamento.
    • Incluem-se neste grupo:  Resíduos provenientes de serviços gerais (como de gabinetes,
      salas de reunião, salas de convívio, instalações sanitárias, vestiários, etc.); Resíduos provenientes de serviços de apoio (como oficinas,jardins, armazéns e outros);  Embalagens e invólucros comuns (como papel, cartão. mangas mistas e outros de idêntica natureza); Resíduos provenientes da hotelaria resultantes da confecção e restos de alimentos servidos a doentes não incluídos no grupo III.
  • Grupo II - resíduos hospitalares não perigosos - são aqueles que não estão sujeitos a tratamentos específicos, podendo ser equiparados a urbanos. Incluem-se neste grupo:
    •  Material ortopédico: talas, gessos e ligaduras gessadas não
      contaminados e sem vestígios de sangue; Fraldas e resguardos descartáveis não contaminados e sem vestígios de sangue; Material de proteção individual utilizado nos serviços gerais e de apoio, com exceção do utilizado na recolha de resíduos; Embalagens vazias de medicamentos ou de outros produtos de uso clínico e ou comum, com exceção dos incluídos no grupo III e no grupo IV; Frascos de soros não contaminados, com exceção dos do grupo IV.
  • Grupo III- resíduos hospitalares de risco biológico -são resíduos contaminados ou suspeitos de contaminação, susceptíveis de incineração ou de outro pré-tratamento eficaz, permitindo posterior
    eliminação como resíduo urbano. Inserem-se neste grupo:
    •  Todos os resíduos provenientes de quartos ou enfermarias de doentes infecciosos ou suspeitos, de unidades de hemodiálise, de blocos operatórios, de salas de tratamento, de salas de autópsia e de anatomia patológica, de patologia clínica e de laboratórios de investigação, com exceção dos do grupo IV;  Todo o material utilizado em diálise; Peças anatômicas não identificáveis; Resíduos que resultam da administração de sangue e derivados; Sistemas utilizados na administração de soros e medicamentos. com exceção dos do grupo IV; Sacos coletores de fluidos orgânicos e respectivos sistemas;  Material ortopédico: talas, gessos e ligaduras gessadas contaminados ou com vestígios de sangue; material de prótese retirado a doentes; Fraldas e resguardos descartáveis contaminados ou com vestígios de sangue; Material de proteção individual utilizado em cuidados de saúde e serviços de apoio geral em que haja contato com produtos contaminados (como luvas, máscaras, aventais e outros).
  • Grupo IV - resíduos hospitalares específicos -são resíduos de vários tipos de incineração obrigatória. Integram-se neste grupo:
    •  Peças anatómicas identificáveis, fetos e placentas (até publicação de legislação específica(;  Cadáveres de animais de experiência laboratorial;  Materiais cortantes e perfurantes: agulhas, catéteres e todo o material invasivo;  Produtos químicos e fármacos rejeitados, quando não sujeito a legislação especifica; Citostáticos e todo o material utilizado na sua manipulação
      e administração.
   - Fonte:  Despacho 242/96, do Ministério da Saúde

   Após dar a conhecer a divisão por grupos, dos diversos Resíduos Hospitalares, dou a conhecer um resumo em forma de imagem dos tipos de tratamentos que estes sofrem:


Tipos de Resíduos e tipo de tratamento

   Mas antes, os resíduos tem que ser depositados/separados, armazenados  na fonte e depois é que são enviados para as entidades que fazem o tratamento.
     Os resíduos dos grupos I e II tem que ser depositados em recipientes de cor preta;
     Os resíduos do grupo III em recipientes de cor branca, com indicativo de risco biológico;
   Os resíduos do grupo IV em recipientes de cor vermelha com exceção dos materiais cortantes e perfurantes que devem ser acondicionados em recipientes, contentores, imperfuráveis.
    Esta separação dos resíduos por cores, acontece porque assim permite uma fácil identificação dos tipos de resíduos e permite uma melhor informação de quais os que são perigosos para a saúde humana ou não.
     Os contentores utilizados para a armazenagem e seu transporte, devem permitir um fácil manuseamento, nomeadamente os utilizados para os resíduos do grupo III e IV.
      As condições de armazenamento também devem cumprir determinadas regras, nomeadamente:
  • "Cada unidade de saúde deve ter um local de armazenamento específico para os resíduos dos grupos I e II, separado dos resíduos dos grupos III e IV. que deverão estar devidamente sinalizados.
  • O local de armazenamento deve ser dimensionado em função da periodicidade de recolha e ou da eliminação, devendo a sua capacidade mínima corresponder a três dias de produção. Caso seja ultrapassado o prazo referido no número anterior e até um máximo de sete dias, deverá ter condições de refrigeração.
  • O local de armazenamento terá as condições estruturais e funcionais adequadas a acesso e limpeza fáceis.
  • Sempre que se justifique, deverá existir um plano específico de emergência." (Despacho 242/96 de 5 de Julho)
    Por fim, a última fase é o transporte para as unidades que fazem o tratamento especifico de cada grupo (para saberem mais sobre os tipos de tratamento/vantagens e desvantagens, aqui - pág 47).

    No ano de 1999 criou-se em Portugal o "Plano Estratégico dos Resíduos Hospitalares 1999-2005", o primeiro na área dos resíduos hospitalares, que foi aprovado no mesmo ano, através do Despacho Conjunto n.º 761/99, de 31 de agosto.
   "O PERH 1999-2005, da responsabilidade dos Ministérios da Saúde e do Ambiente, veio estabelecer o enquadramento estratégico para o período entre 1999 e 2005, com objetivos a alcançar para os anos de 2000 e 2005.
   Finda a sua vigência, e mantendo-se a necessidade de assegurar uma gestão adequada deste tipo de resíduos, pelos riscos potenciais associados e perigosidade intrínseca, para a saúde e para o ambiente, o Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território, através da Agência Portuguesa do Ambiente, o Ministério da Saúde, através da Direcção-Geral da Saúde, e o Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, através da Direcção-Geral de Veterinária, procederam à revisão do PERH 1999-2005, à luz do novo quadro legislativo, da evolução tecnológica e de um conhecimento atualizado, para o período de 2010-2016, alargando a sua abrangência à vertente da saúde animal.



   Após dar a conhecer um pouco sobre este vasto tema, vou referir um pouco o que penso deste.

   Resíduos Hospitalares é um tema que só fiquei a conhecer há quase quatro anos atrás, quando iniciei a minha licenciatura. Não sabia o que se fazia, que existia um Programa de Gestão de Resíduos Hospitalares, que tipos de grupos havia e muito menos, quais os tratamentos que cada grupo sofria.
   Logo no primeiro ano de licenciatura, tive que realizar um trabalho sobre este tema e confesso que desde o inicio fiquei interessada em saber mais sobre este tema e tenho tido desde aí um carinho especial pelos Resíduos Hospitalares, pois são Resíduos em que existe muita informação, mas ainda assim, a informação que existe é pouca e como tal, estão constantemente a realizar estudos sobre o tema.
   A saúde e o ambiente são os que são mais afetados, se a Gestão dos Resíduos Hospitalares não for efetuada da melhor forma. Em termos de saúde, os trabalhadores que lidam diariamente com este tipo de resíduos são os que correm mais risco, como tal, é necessário investir cada vez mais na formação destes profissionais, para perceberem de melhor forma os riscos que correm e quais os equipamentos de proteção individual a utilizar.
   Quanto ao ambiente, se os resíduos não forem colocados nos sítios corretos, podem ocorrer casos que acabam por prejudicar o ambiente e paralelamente, a saúde humana. Deixo uma noticia de um caso que ocorreu, em que seringas e pensos de origem desconhecida apareceram a boiar no mar da praia do Carneiro, no Porto, junto à foz do Douro:

 -  "Lixo hospitalar encontrado no mar da praia do Carneiro
    Publicado a 09 JUL 13 às 21:17

    Os banhos nesta praia do Porto foram interditados durante duas horas para que o lixo fosse retirado, mas também para que as autoridades pudessem perceber o que se passou.

Lixo hospitalar, seringas e pensos de origem desconhecida apareceram, esta terça-feira à tarde, a boiar no mar da praia do Carneiro, no Porto, junto à foz do Douro.
   «Rapidamente, o nadador-salvador interditou a utilização da praia pelos banhistas e a Polícia Marítima dirigiu-se para o local e recolheu algumas provas», explicou Raul Risso, da Polícia Marítima.
   Com a bandeira vermelha colocada de imediato no local, os agentes retiraram tudo o material que encontraram na água, mas admitem que algum lixo acabou por ser levado pelas ondas.
   Em declarações à TSF, este elemento da Polícia Marítima explicou que na base da interdição da praia durante duas horas esteve uma questão de precaução, até porque o material encontrado não era muito.
   «Resolvemos interditar a praia, colocar a bandeira vermelha e não deixar os banhistas irem a banhos para podermos observar e entender o que se estava a passar», concluiu." (Fonte- TSF).

   Para ver vídeo sobre a noticia, aqui

   Para concluir, deixo um vídeo que faz um pequeno apanhado do que são Resíduos Hospitalares e ainda algumas fotografias que tirei à zona de armazenagem dos Resíduos Hospitalares do Centro de Saúde de Olhão:




Vista exterior da zona de armazenagem, com identificação de risco biológico
 

Equipamentos de Proteção Individual obrigatórios

Vista interior da zona de armazenagem dos Resíduos Hospitalares

Contentores de armazenamento de Resíduos Hospitalares - Grupo III e IV


Recipiente para perfurantes







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