Todos dias se aprende algo novo e
ainda bem que assim é, caso contrário, a vida não tinha tanto sentido. E porque
digo isto? Porque tomei conhecimento no decorrer desta semana, que existe mais
uma atividade no âmbito do Programa de Prevenção de Doenças Transmitidas por
Artrópodes que foi criado pela ARS Algarve, como tal, fui na passada
terça-feira (29/10/2013) verificar nos pontos estratégicos onde este a ser
implementado, se existia algum Artrópode nas diversas armadilhas. O local foi o
aeroporto de Faro. Mas antes de entrar em pormenores sobre o que vi e fiz no
aeroporto, vou explicar o contexto do Programa.
"O fenómeno de
alterações climáticas, mais sentido e mediatizado na última década, tem
resultado
em progressivas modificações dos ecossistemas e, consequentemente, da fauna
existente em cada região, motivados principalmente pelas alterações dos padrões de temperatura,
humidade,precipitação, entre outros, característicos de cada região. Ao nível da entomofauna, o fenómeno das alterações climáticas, coadjuvado com o
fenómeno da globalização (facilidade no intercâmbio de mercadorias, plantas exóticas,
animais de companhia e pessoas), tem determinado a distribuição geográfica de algumas espécies, a qual
tem sido alterada de forma significativa. Espécies de mosquitos, que se pensavam confinadas a
climas tropicais e subtropicais, quando transportadas acidentalmente para climas temperados, de que é exemplo Portugal, poderão aí encontrar condições favoráveis ao seu desenvolvimento e
proliferação. Tendo em conta que grande parte das espécies de mosquitos e outros insetos
podem ser vetores de doenças como a malária, febre amarela, dengue, vírus do Nilo Ocidental,
encefalite japonesa, chikungunya, toscana (arbovírus – vírus transmitidos por artrópodes (arthropod-borne
virus)), a sua dispersão geográfica implica o acréscimo do risco de infecção. Para a grande maioria destas doenças (re)emergentes, à exceção da febre
amarela, ainda não existe vacina eficaz que permita preveni-las, ou ainda, não existe um tratamento
específico para a
cada uma. Neste sentido, a forma mais eficaz de minimizar o risco é através da
redução ou eliminação das espécies vetoras (mosquitos e outros insetos).
Decisores, autoridades e população em geral necessitam de encarar a
problemática dos mosquitos não apenas como fator de mera incomodidade, mas como efetivos vetores de
doenças emergentes, com consequências graves para a saúde. Este paradigma exige que
haja cooperação conjunta, no sentido de controlar de forma eficaz as populações de insetos
vetores de doenças. Neste contexto, os principais objetivos da implementação deste Programa são os
seguintes:
- Identificar espécies de insetos presentes na
região – autótones e invasoras;
- Determinar o nível de infecciosidade por
arbovírus;
- Controlar populações de insetos (minimização
de risco de doença);
- Ativação de Plano de Contingência.
Conforme
estabelecido no Plano de Prevenção de Doenças Transmitidas por Artrópodes –
Mosquitos e no cumprimento Regulamento Sanitário Internacional (D.R. 1.ª série,
N.º 12, de 23 de Janeiro de 2008), que prevê a vigilância e controlo de vetores
no perímetro de portos e aeroportos, a situação atual da provável re-introdução
de mosquitos invasores Aedes aegypti (proveniente da RAM e regiões tropicais e
sub-tropicais) e Aedes albopictus (provenientes da Europa, nomeadamente
Espanha, França e Itália), obriga a uma intensificação e reforço da vigilância
da entomofauna nestes locais, complementar à vigilância já realizada durante os
meses de Maio a Outubro. Assim se propõe a vigilância da entomofauna em estadios imaturos
nos Portos e Aeroportos da região do Algarve, respeitando as seguintes
orientações:
- Colocação de ’oviptraps’
(armadilhas para estdios imaturos de mosquitos), na quantidade e tipologias
seguintes: (Aeroporto de Faro; Porto de Portimão e Porto de VRSA)
- As “ovitraps” são constituídas
por vasos pretos (poderão ser de plástico) com cerca de 15 cm de altura e cerca
de 10 cm de diâmetro, com um ou mais furos antes da superfície, com um abaixador
de língua revestido por feltro vermelho (prender o feltro ao abaixador com
elásticos, nunca cola, pode ser tóxico e repelente para os mosquitos); no
interior dos vasos, colocar água (colocação de folhas aumentam a eficácia);
- As ‘ovitraps’ deverão ser
colocadas perto ou no meio da vegetação ou perto de edifícios
(preferencialmente à sombra e em diferentes micro-habitats);
- Registar com GPS a localização
das ‘ovitraps’ (colaboração dos técnicos do DSPP);
- Proceder à vigilância das
‘ovitraps’ com periodicidade semanal;
- Verificar o nível de água;
- No caso de detecção de ovos
ou larvas (na água ou no feltro), recolher o feltro com os ovos e/ou a água com
as larvas, acondicionar e enviar para o CEVDI/INSA, de acordo com os
procedimentos de imaturos do REVIVE, acompanhado de boletim de colheita de
“mosquitos imaturos”, com o conhecimento do DSPP; no caso de os ovos se
encontrarem na água, recolher cuidadosamente com colher ou papel absorvente e
acondicionar em envelope plástico ou pequeno saco de plástico selado;
Resumindo, este
Programa que só existe e foi criado na região do Algarve, foi criado para
prevenir a ocorrência de doenças transmitidas por Artrópodes que possam vir em
passageiros, viajantes, de aeroportos e portos. Tendo em conta que em Faro
existe um aeroporto e que este recebe centenas de voos diários, um dos pontos
de monitorização deste Programa é no aeroporto, pois qualquer passageiro,
bagagem ou o próprio avião pode transportar mosquitos com doenças, assim,
existem diversas "ovitraps" espalhadas pelo mesmo e na passada
terça-feira, o que eu fui fazer juntamente com o meu colega Miguel Parreira e
as Drªs Rosário Jorge e Cármen Vieira foi verificar nos diversos pontos se
estas "ovitraps" tinham algum Artrópode, felizmente não se encontrou
nada. No total, existem 15 “ovitraps” espalhadas por todo o aeroporto.
Este Programa até ao momento decorreu entre os
meses de Maio a Outubro, semanalmente, mas como o Inverno se aproxima e os mosquitos não tem tanta atividade em períodos frios, o mapa de vigilância das Ovitraps que irá decorrer entre Novembro de 2013 e Abril de 2014 passa a ser de 15 em 15 dias.
Entrar no aeroporto
e "andar" por todo o aeroporto não é fácil, pois é necessário uma
autorização especial para andarmos nos diversos pontos onde estão colocadas as
"ovitraps", assim, a Drª Cármen teve que solicitar uma autorização
especial para mim e para o meu colega, para conseguirmos seguir a aplicação
deste Programa no aeroporto.
Ficam algumas
imagens tiradas no local:
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Exterior do aeroporto de Faro |
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A mostrar o Cartão de Cidadão para poder receber o "cartão livre de acesso" ao aeroporto |
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Já com o cartão |
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A visualizar a "ovitrap" |
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A tirar uma fotografia à "ovitrap" |
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Na zona de espera do aeroporto, juntamente com o Miguel Parreira e a Drª Carmén |
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A inspecionar uma "ovitrap" |
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A inspecionar uma ovitrap |
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Ovitrap no exterior do edifício, com vista para a pista do aeroporto |
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Ovitrap identificada |
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Drª Carmén |
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No aeroporto, com vista para a pista de partidas e chegadas de aviões |
Para mais
informações sobre este Programa consultar:
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