A Legionella é uma bactéria que não é propriamente "amada" no mundo da saúde e porquê perguntam vocês?
Porque a exposição a esta bactéria pode provocar infecção respiratória, mais propriamente a Doença dos Legionários. Esta infecção transmite-se por inalação de gotículas de vapor de água contaminada, aerossóis. As dimensões são muito pequenas o que veiculam a bactéria diretamente para os pulmões, o que pode possibilitar a sua deposição nos alvéolos pulmonares. A pessoa que estiver infectada, não transmite a infecção a outra, visto que até ao momento ainda não se registou nenhum caso de contágio de pessoa para pessoa. Esta doença atinge principalmente adultos, com idades compreendidas entre os 40 e os 70 anos, sendo os homens os mais infectados.
Os principais sintomas da infecção incluem febre alta, arrepios, dores de cabeça e dores musculares. Mais tarde, pode ocorrer tosse seca e dificuldades respiratórias.
Esta doença caracteriza-se por aparecer maioritariamente no Verão e Outono, com maior expressão em zonas turísticas.
As bactérias do género Legionella (são conhecidas aproximadamente 47 tipos de espécies, sendo a Legionella pneumophila a mais conhecida como sendo mais patogénica) encontram-se em ambientes aquáticos naturais e também em sistemas artificiais, como é o caso de redes de abastecimento/distribuição de água, redes prediais de água quente e água fria, ar condicionado e sistemas de arrefecimento (torres de refrigeração, condensadores evaporativos e humidificadores) que existem em diversos edifícios, principalmente em hotéis, centros comerciais, termas e hospitais e ainda em jacuzzi, piscinas (tanques recreativos).
Há vários fatores que favorecem o desenvolvimento da bactéria, principalmente:
- A temperatura da água entre os 20º C e 45º C;
- O pH entre 5 e 8;
- A humidade relativa superior a 60%;
- Zonas com reduzida circulação de água (reservatórios de água, torres de arrefecimento, tubagens de redes prediais, pontos de extremidades das redes pouco utilizadas, etc);
- Processos de corrosão ou incrustação.
O primeiro registo desta doença em Portugal foi em 1979 e desde 2000 até ao final de 2010 foram notificados 658 casos. Estes casos ocorreram principalmente em unidades hoteleiras. A doença dos Legionarios esta na lista das Doenças de Declaração Obrigatória.
Por tudo o referido anteriormente é natural que haja um controlo desta bactéria. Por Controlo entende-se: "o conjunto de ações de avaliação da qualidade da água realizadas com caráter regular pelas entidades gestoras, com vista à manutenção da sua qualidade, em conformidade com as normas estabelecidas legalmente".
O Centro de Medicina Fisica e reabilitação do Sul em vez de contratar outra empresa, contratou a ARS para esta realizar o Controlo da qualidade da água das suas instalações (Promoção de Controlo da Doença dos Legionário; Programa de Controlo da Qualidade da Água em Piscinas e Programa de Controlo da Qualidade da Água para Consumo Humano).
O Centro de Medicina Fisica e reabilitação do Sul em vez de contratar outra empresa, contratou a ARS para esta realizar o Controlo da qualidade da água das suas instalações (Promoção de Controlo da Doença dos Legionário; Programa de Controlo da Qualidade da Água em Piscinas e Programa de Controlo da Qualidade da Água para Consumo Humano).
Assim, no dia 15/10/2013, eu, juntamente com a minha orientadora de estágio, fomos realizar o Controlo da legionella no Centro de Medicina de Reabilitação do Sul (CMR Sul), localizado em São Braz de Alportel. Fomos realizar o controlo porque o CMR Sul tem um contrato com a ARS Algarve para a realização do controlo da água no seu estabelecimento.
O controlo da legionella foi feito em 4 pontos: torneira de retorno de água quente; banho assistido (piso 1 e 2); sala dos turbilhões (tina de pernas).
Nestes locais, fez-se ainda a medição do pH, do cloro e da temperatura.
Nestes locais, fez-se ainda a medição do pH, do cloro e da temperatura.
O controlo exige materiais e procedimentos. Os materiais a serem utilizados para as colheitas são:
- Aparelhos e reagentes para medir o cloro e o pH;
- Termómetro;
- Fichas para registos de dados;
- Frascos esterilizados (1 litro) com tratamento para águas cloradas;
- Malas de transporte térmicas;
- Sacos de plástico esterilizados (para os chuveiros).
Relativamente aos procedimentos a seguir, são os seguintes:
- Desinfectar as mãos;
- Não desmontar os acessórios da torneira, caso existam;
- Não deixar a água correr;
- Não desinfectar o interior e o exterior bocal da torneira;
- Não flamejar a torneira;
- Destapar o frasco na proximidade da torneira, mantendo a tampa virada para baixo;
- Encher o frasco até encher com o fluxo inicial, mantendo-o inclinado e sem contacto com a torneira;
- Fechar o frasco;
- Identificar o frasco (local, zona da recolha, identidade da empresa solicitadora);
- Colocar o frasco em mala de transporte ou saco, opacos. O transporte é feito ao abrigo da luz solar.
Nos chuveiros, para a colheita ser realizada da melhor forma, é necessário introduzir a cabeça do chuveiro dentro de um saco plástico esterilizado. Cortar um canto do saco e posteriormente inseri-lo no bocal do frasco. De seguida enche-se o frasco de acordo com o descrito anteriormente.
A seguir à colheita é necessário determinar a temperatura da água, o cloro residual livre e o pH.
A seguir à colheita é necessário determinar a temperatura da água, o cloro residual livre e o pH.
Ficam algumas imagens que marcaram este controlo:
Frasco com a devida identificação |
Controlo na torneira de retorno de água quente |
Fotômetro para medição do pH e cloro |
A medir a temperatura da água à saída da torneira de retorno de água quente |
A medir o cloro residual livre |
Colheita no chuveiro, com saco de plástico |
Colheita no chuveiro de água quente |
Fez-se ainda o controlo da água na piscina de reabilitação (para parâmetros bacteriológicos: colheita de superfície e profundidade (com frascos de mergulho)) e ainda um frasco para análise de parâmetros químicos (condutividade 20ºC, oxidabilidade e cloro residual total).
A medir o pH da piscina de reabilitação |
Terminado o controlo, fomos realizar a vigilância da qualidade da água das piscinas municipais (post seguinte).
Fontes:
- Decreto-Lei n.º 306/2007 de 27 de Agosto - relativo à qualidade da água destinada ao consumo humano.
- Instituto Português da Qualidade - Prevenção e controlo de Legionella nos sistemas de água.
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